Muita gente pensa, tentando explicar o número tão baixo de negros na Argentina, que não existiram escravos no país. O fato, que surpreende, é que muitos africanos foram trazidos ao país no período colonial. Mas então porquê quase não se vê negros?
De acordo com Alejandro Benedetti, em seu livro Sociedad, Cultura y territorio en la Argentina, desde o século XVII, Buenos Aires foi um dos portos por onde ingressava essa força laboral, e servia a um vasto território, que incluía o Rio da Prata, Tucumám, Paraguai e Alto Peru. Importantes contingentes permaneciam em Buenos Aires e eram utilizados para o serviço doméstico ou em oficios como sapataria ou alvenaria.
Embora o número de negros fosse considerável, durante a segunda metade do século XIX esse número declinou notavelmente. Se em 1838 a porcentagem de afro-americanos, em Buenos Aires, era de 26,1%, quase 50 anos depois, em 1887, a porcentagem caiu para 1,8%. As razões apresentadas são:
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- o fim do comércio de escravos, depois da abolição;
- a morte dos homens durante as guerras do período de formação territorial;
- o casamento das mulheres com homens brancos imigrantes que começavam a chegar;
- e a alta mortalidade por ser parte do setor social menos favorecido, principalmente durante as epidemias que afetaram Buenos Aires.
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O autor também destaca que além desses fatores, houve um ocultamento do papel social, cultural e político que os grupos africanos tiveram na sociedade rioplatense do século XIX e, acrescenta que, no processo de formação da nacionalidade brasileira, onde, em termos muito conflitantes, a cultura africana ocupa um lugar destacado.
Benedetti, Alejandro. Geografia 6: Sociedad, cultura y territorio en la Argentina. 1. ed. Buenos Aires: Longseller, 2005.
Muito boas as informações sobre a Argentina, um belo país com uma cultura brilhante e belas cidades